Pelezinho: b-boy em pistas gringas
São José do Rio Preto, 21 de Maio de 2005
Pierre Duarte |
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Pelezinho durante apresentação em Rio Preto: disputa acirrada em Berlim |
Igor Galante
Pelezinho tem o gingado brazuca, que faz diferença mesmo na dança de rua. Mas o páreo é duro. Os três finalistas da edição do ano passado, disputada na Suíça, estarão lá: o b-boy Omar, dos EUA, vencedor em 2004; Junior, da França; e Ronnie, das Filipinas. Sem contar os coreanos, que segundo Pelezinho são os b-boys que mais evoluíram no mundo. No BC One, a Coréia vai com dois representantes, Phisicx e Kong 10. O breaker rio-pretense tem assistido a fitas com apresentações passadas de seus adversários e buscado informações na internet. Tem a seu favor o fato de, segundo ele, “pensar no Brasil” quando cria as coreografias que leva para o palco.
“Tem b-boy brasileiro que pensa nos gringos, em fazer como eles. Eu penso no Brasil. Já fiz capoeira e dar mortal em batalhas de breake é uma parada que eles lá fora nunca viram”, diz Pelezinho, em um papo com a reportagem na última terça-feira, um dia antes de embarcar para a Alemanha. A escolha de Pelezinho como representante brasileiro no campeonato mundial coube a Juny Kp!, produtor e curador do evento no Brasil. “É quem melhor pode representar o País lá fora no momento”, diz Kp!.
A parceria com D2
Pelezinho projetou seu nome e adquiriu respeito de verdade depois que passou a fazer parte da equipe de Marcelo D2, viajando com o rapper em todos os shows realizados no Brasil e em eventos importantes do gênero, como o Hip Hop Festival, que contou com a participação de artistas como Ja Rule e Snoop Dog. Em junho, ele segue D2 na turnê do músico pela Europa. A parceria com D2 começou no final de 2003. “Ele procurava b-boys para participar do clipe de ‘Loadeando’, uma das faixas de ‘Em Busca da Batida Perfeita’. Eu e o Chaveirinho, o outro b-boy, gravamos com ele até as 8 da manhã, e quando acabou ele nos chamou para fazer parte do time”.
Pelezinho representa hoje uma nova imagem para a figura do b-boy, menos marginal e mais profissional. “Hoje eu sobrevivo e sustento minha família por meio da dança”. E, a exemplo do que acontece principalmente com jogadores de futebol, Pelezinho mira seu futuro no exterior. “Meus planos são trabalhar lá fora, onde há estrutura e apoio. No Brasil, você vê gente que trabalha de servente de pedreiro e ainda tem de treinar”. Antes de ser descoberto por D2 e fazer sucesso no Brasil, Pelezinho fez parte dos dois principais grupos de breake de Rio Preto, o B. Boy New Style e o Supersonic B.Boys (este último também já representou o Brasil em um campeonato de breake na Alemanha, em 2000, mas Pelezinho não integrava o elenco de dançarino).